segunda-feira, 19 de maio de 2008

Hepatite afecta três por cento da população

Toxicodependentes são população de risco, mas grande parte dos casos não está identificada
Cerca de 3% da população está infectada com o vírus da hepatite B e C. No entanto, os números poderão ser maiores, já que os grupos de risco, como os toxicodependentes, são os que apresentam maior prevalência desta doença e a maioria deles não estão identificados.
Os dados foram revelados à margem de uma conferência, realizada na semana passada, no Instituto Politécnico de Bragança, vocacionada para os proffissionais de saúde.
Considerada por Fernando Andrade, do Centro de Respostas Integradas (CRI), como uma "doença comportamental", relacionada com comportamentos de risco, as hepatites devem ser alvo de sobretudo de prevenção.
Os especialistas consideram que é necessário alertar a população que usa drogas por via intravenosa para que não partilhem seringas. Mas o alerta deve ser também dado aos mais jovens, para que não tenham relações sexuais desprotegidas.
O CRI trabalha com a população que usa drogas ilícitas e licitas, como é o caso do álcool e do tabaco. Dos 1400 utentes inscritos, os especialitas referem que apenas 855 foram rastreados. Acresce ainda que parte da população infectada está em estabelecimentos prisionais, local onde, segundo os especialistas, "existe grande valência de doenças infecto-contagiosas".
Sempre que é detectado um doente com hepatite, os especialistas reencaminham-no para as consultas de Medicina para dar início ao tratamento. Todos os medicamentos necessários são fornecidos pelo Hospital e têm efeitos laterais semelhantes à gripe. No entanto, conforme sublinhou Eugénia Parreira, são tratamentos que permitem reduzir a carga viral e o risco da doença evoluir. Por isso, os utentes devem ser seguidos durante meio ano ou um ano, sem interrupções, consoante as indicações do médico.
"O pior que pode acontecer é o doente suspender o tratamento", alertou a especialista, uma vez que isso leva à resistência do vírus a novas terapêuticas.
Da experiência que tem como profissional no serviço de Medicina Interna no Centro Hospitalar de Bragança, Eugénia Parreira afirma que quase 90% dos doentes leva o tratamento até ao fim, embora com "muito sacrifício pessoal".
A hepatite B é transmitida através de sangue, agulhas, materiais cortantes contaminados, tintas de tatuagens ou relações sexuais. Já a hepatite C é transmitida, sobretudo, através de transfusões sanguíneas, uso de drogas, entre outras.
Escrito por Carla A. Gonçalves e publicado in "Mensageiro" (16 de Maio de 2008)

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