sexta-feira, 9 de maio de 2008

Asma sem meios de diagnóstico

Sub-Região de Saúde quer identificar todos os asmáticos e promover o auto-controle da doença
Faltam meios no distrito para diagnosticar correctamente os doentes com asma. No distrito existem cerca de 1500 pessoas que sofrem desta doença crónica mas o número poderá ser mais elevado uma vez que ainda não há um registo acerca destes doentes. No Dia Mundial da Asma, que se assinala hoje, a Sub-Região de Saúde promove, nos vários centros de saúde do distrito, sessões informativas acerca da asma e alguns rastreios. A coordenadora da Sub-Região de Saúde de Bragança considera que existe muita falta de informação acerca da asma e que, por vezes, as pessoas confundem os sintomas com constipações e rinites. A asma caracteriza-se pela falta de ar (dispneia), sibilos (gatinhos), tosse seca e sensação de aperto no peito. Embora se desconheçam quais os factores que desencadeiam esta doença crónica, os especialistas apontam que os alergénios inalados, como o pó, ácaros, pólens e pelos de cães e gatos, podem desencadear crises, assim como o tabaco, o fumo e a poluição ambiental, certos medicamentos e exercício físico. . Acontece que no distrito faltam também meio de diagnóstico às alergias, que podem agravar os sintomas da asma sobretudo na altura da Primavera. O Centro Hospitalar do Nordeste conta apenas com um pneumonologista que não consegue dar resposta a todas as necessidades, obrigando ao encaminhamento de doentes para Vila Real ou para o Porto.
“Você pode controlar a sua asma”
Ainda assim, a coordenadora diz que está a ser feito um esforço para dar formação nesta área aos profissionais de saúde, nomeadamente médicos e enfermeiros. O objectivo é vir a identificar e a diagnosticar todos os doentes com asma e promover o auto-controle da doença. “É possível ensinar os doentes a controlar a asma para que possam ter uma vida normal, sem sintomas ou com sintomas mínimos”, explicou. Para isso, a Sub-Região pretende promover sessões informativas individuais e de grupo. Ao mesmo tempo, todos os centros de saúde serão equipados com debitometros, pequenos aparelhos que medem a capacidade respiratória e indicam se o doente está melhor ou pior. Conforme explicou Berta Nunes, se a pessoa estiver com a asma controlada, “os valores serão normais ou próximos do normal”. Caso contrário, a capacidade respiratória estará comprometida até porque a inflamação implica um estreitamento das vias respiratórias provocando dificuldades na expiração. A coordenadora vai ainda apelar aos especialistas para que apliquem os testes de espirometria, um exame que mede a quantidade de ar que passa pelos pulmões e que “é essencial para o diagnóstico da asma”. O número de asmáticos em Portugal ronda dos 600 mil, um número que na última década duplicou. A tendência, segundo a coordenador, é mesmo para um aumento da prevalência desta doença na sociedade, sobretudo nas mais urbanizadas. No distrito, a prevalência da doença é idêntica ao resto do país e afecta sobretudo as mulheres. No tratamento de crises asmáticas os doentes devem recorrer aos chamados “medicamentos de alívio”, os broncodilatadores inalados, mas, havendo um diagnóstico correcto, os doentes podem controlar a asma através de medicamentos que evitam o aparecimento de crises.
Escrito por Carla A. Gonçalves e publicado in "Mensageiro" (9 de Maio de 2008)

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